Não gosto de mentiras. As mentiras são seres vorazes, insaciáveis, que se devoram a si mesmas e tudo mais ao seu redor. Uma mentira raramente vem só. Mentir é um hábito que raramente se estranha e muito facilmente se entranha. Talvez porque cresçamos com demasiada regularidade rodeados delas. Mente-se porque sim. Porque é mais fácil, porque é mais simpático, porque se chega mais depressa a um determinado objetivo. A mentira é uma espécie de alcool comportamental. Toda a gente sabe que faz mal, mas há todo um hábito social que a legitima. Mentir, como beber acima do razoável, é socialmente compreensivel. Nada que umas horas de ressaca não cure. Até á próxima bebedeira existencial.
É verdade que há quem confunda franqueza e frontalidade com falta de educação, respeito, grosseria. Dizer tudo como os malucos, não é necessariamente um ato de coragem perante a verdade. A maioria das vezes é pouco mais do que mera insensibilidade ou intenção clara de ofender, gratuitamente.
No meio de tudo isto, há ainda quem se dedique com esmero a penalizar a verdade. São normalmente os perfeitos, os intocáveis, os impolutos desta vida. A prática deste desporto é um claro incentivo para que todos ao seu redor deem largas á imaginação e elasticidade na arte de mentir. Albarda-se o burro á vontade do dono. E enquanto se servem gregos e troianos, a vida torna-se, distraidamente, uma pequena grande mentira.
As mentiras são como o bacalhau. Podem ser servidas de mil e uma maneiras. Quentes ou frias. Podem servir para encobrir verdades, para criar boatos ou, simplesmente, para divertir. Há ainda as versões mais sofisticadas e com vários upgrades, uma espécie de versão premium das mentiras - a usurpação da privacidade alheia e as chantagens. A sordidez dos seres mal formados e mal amados, esponenciada ao limite.
Há quase dois anos atrás, escrevi isto*. Passou muito tempo. De lá para cá, a Imaculada, que era afinal a Paula, transformou-se numa querida e especial amiga. Ontem, do lado de lá da sua rua, a verdade, veio ao cimo.
O Tempo está para a Verdade, como a água para o azeite. A vida, meus caros, a vida tudo esclarece e arruma.
Não gosto de mentiras e desprezo, profundamente, a mais ténue violação de privacidade.
Se queres saber a verdade, pergunta-a. Se não consegues viver com ela, não a procures. Não obrigues só por isso a que os outros te mintam, para não ficarem á mercê da tua injustiça e, menos ainda, vás ao seu encontro por caminhos escuros e sujos.
Uma verdade ainda que muito dura, dói uma vez. Morre-se ou vive-se.
Uma mentira é uma dor continua. Um veneno letal que fica a correr nas veias e mata, dolorosa e lentamente.
No fim da linha, no fim do dia, no fim da vida, tudo será sempre uma verdade ou um veneno.
Verdade ou consequência? Decides tu.
*hoje sei, venceu a verdade, Paula. não há, nunca haverá, antídoto para a vida real :)
Verdade ou consequência? Decides tu.
*hoje sei, venceu a verdade, Paula. não há, nunca haverá, antídoto para a vida real :)
M.,
ResponderEliminarcomo tu dizes e bem a verdade vem se ao de cima, mesmo que demore imenso a chegar. Bj**
Estou cada vez mais rendida aos teus textos Margarida ;) Verdadeiramente deliciosos :) Um beijinho, um grande beijinho*
ResponderEliminarMargarida,
ResponderEliminarEu não o diria melhor. A verdade pode ser, para uns, um veneno, mas será sempre um antídoto.
Espero conseguir recuperar o meu blogue. Espero conseguir libertar-me desta sensação de invasão.
Espero que todos aprendam as lições que esta verdade encerra. E qo passado faça as pazes com o presente.
Muito, muito obrigada!
Paula