Não se quer dormir. O corpo não quer. Tem medo da morte. De se entregar a um descanso que os dias não lhe confirmam. Por entre os dedos, escorre o cheiro doce da espuma da barba, de um banho acabado de tomar, de uma camisola de lã acabada de vestir, o aconchego do corpo acabado de acordar. Dos beijos que se trocam. Do olhar. Retomam-se os gestos, os horários, a cadência dos dias. Os lugares. O pensamento, ai o pensamento, esse grande traiçoeiro, inimigo das horas mortas. E o corpo não dorme. Não quer dormir. Não consegue. Tem medo de acordar.
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