20.11.12

Da inSegurança Social


À beira de um ataque de nervos com este país...

Às 7h30m vou para a uma fila que já serpenteia nas curvas da avenida, para garantir às 9h, na abertura de uma porta, um papel milagroso com um numero da sorte. No meu modesto bom senso não faço ali nada; aquilo que ali vou fazer qualquer sistema informático com a mais básica rede deve assegurar de forma automática. Na pior das hipóteses, a não existir a tão badalada comunicação entre sistemas, a opção de uma comunicação tão básica com a que tenho para fazer podia ser feita comodamente via internet, em minha casa... mas não, não senhora. A senhora funcionária das Finanças diz que tenho de ir à Segurança Social. E eu vou. E depois ali estou, naquela solidariedade social da fila, aquela em que a senhora do lado me oferece um rebuçado para a tosse, giro, azul turquesa, que me diz que veio de França e que é bom, que é de mentol, e eu sorrio e agradeço e não aceito, porque ainda nem café bebi e dia que começa sem café nem é dia... A solidariedade social do chapéu de chuva que se partilha e dos "sim, com certeza" que se pronunciam quando alguém à frente ou atrás nos diz: "vou só ali tomar uma bica". E se há perda de tempo numa fila destas, há os outros ganhos, que é ver a vida em 3D sem precisar de óculos especiais. Uma beleza!

Mas eis que quando finalmente chega a minha vez de receber o ditoso papelinho, uma luz divina se me encima do cocuruto e ainda atiro a medo a pergunta à senhora funcionária que está à minha frente: 
Desculpe, mas para fazer isto preciso mesmo vir aqui?... Não há um sitiozinho na internet que me deixe libertar este lugar na fila?... E eis que a senhora, entre o atónita e o indignada, me responde:
Mas isso é feito automaticamente pelas finanças, minha senhora! Não precisa de vir aqui fazer nada!

E se era o que queria ouvir, mais era o que devia ter ouvido antes por quem assegura um serviço público e que deve em primeira linha zelar pelo bom funcionamento dos serviços e pela otimização dos resultados. 
Sabendo depois que a coisa funciona assim desde 2000 e troca o passo, pergunto-me se de facto há mesmo esperança para este retangulo habitado por gente tão estranha quanto ineficiente, aos mais diversos níveis... 
Não é que seja novidade, nem caso único, mas no estado em que estamos e vamos andar, todos estes exemplos só veem demostrar que estamos provavelmente cada vez mais longe de ver uma luz ao fundo do túnel... tanta falta de brio e profissionalismo colide gravemente com o nível de indignação e revolta que anda na boca de tanta gente. 

O país somos todos nós. Enquanto cada um não se propuser fazer com brio a sua parte, não caminhamos para lado nenhum. Esqueçam lá os medíocres dos políticos, meus senhores!

Tirem-me deste filme, sim?!...

4 comentários:

  1. Acho que a maioria de nós quer sair do filme...Livra!

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  2. O problema maior é que depois dizem que esses funcionários são excedentários.
    Aqueles que agilizam as coisas, que querem por o sistema a funcionar, os excedentários. Mas os que não sabem que desde 2000 as películas já não são a preto e branco, esses sim, são os lindos.
    A primeira coisa que se devia ensinar a qualquer pessoa quando entra num serviço era responsabilidade, profissionalismo e brio. Não esquecer também a formação subsequente, todos os dias convivo com pessoas que tiveram a sua formação à 20/30 anos e nada mais. Depois estranham.
    Bjs

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  3. Anónimo20.11.12

    Compreendo a situação, felizmente na minha cidade, tenho a sorte (que nem devia ser sorte, mas enfim) de ter um serviço de finanças, do meu ponto de vista, muito competente. Acho que acima da média nacional. Preocupam-se em encontrar soluções para os problemas e não raras vezes dizem que vão estudar o assunto, e pasmem-se: estudam mesmo! Boa sorte por essas bandas! beijinhos, Joana (Évora)

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  4. @Ovelha: isto anda tipo Pesadelo em Elm Street ;)


    @Nany: é lamentável, mas é verdade!


    @Joana: Ainda bem! Não devia ser uma sorte, mas ainda bem que a tem! Bjs

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