Sabes como é quando ficamos assim com o coração pequenino, feito de palavras mudas, cheias de medo e assustadas, sentadas num recanto da alma a pedir que venham dias bons?... Pois, estou assim. Já veio a tarde, a noite e novamente o dia e ainda aqui estou, neste monte que desenhei no horizonte para vir ao teu encontro.
Dizem-me que vai passar depressa tudo isto. E quem me disse disse-o com aquele sorriso das pessoas que sabem das coisas que se escrevem para além da vida. Sabes, aquele sorriso sábio e sem dúvidas que te apazigua?... E eu também o sinto, nem sei porquê, mas sinto, mas depois o coração volta a ficar pequenino, apertado, a saltitar, de um lado para o outro, como um pardal aprisionado e irrequieto, desejoso de voltar a voar.
Sabes, tenho pensado muito em tudo isto, e nos desenhos que faço. Estou quase uma arquiteta. Já passei dos esboços, a coisa já tem alicerces e bases bem fundeadas. Sabes como sou com os detalhes, já pintei as paredes e tudo… Ando aqui de um lado para o outro na azáfama destas obras. Está quase pronta a empreitada.
Isto tem muito de barro. Aquele de que somos feitos. Sabes do que falo. Sim, sabes bem que somos barro e ao mesmo tempo as mãos que o moldam. Somos criadores e criativos. Respeitamos os contornos mas com eles através de nós nascem novas formas. E que originais são, meu amor. São feitas de sol. Temos sol dentro. Tu sabes.
Por sol, hoje o tempo está menos solarengo. As nuvens do outro dia tomaram conta do azul. Faz um pouco mais frio e olho em volta para ver se te descubro a vir ao meu encontro. Vejo-te a pegar na manta grossa que deixei em cima do sofá. Gosto sempre de deixar uma manta pousada sobre um dos braços. Gosto de ter á mão um aconchego para te poder tapar quando adormeces por lá. Gosto tanto de te ver dormir. Gosto daqueles dias em que acordo primeiro que tu e fico a olhar-te, perdido nos sonhos. Quase nunca te mexes, sabes. Mesmo durante a noite, sim. Ficas assim de um lado só e quase sempre virado para mim. É tão bom fazer festas no teu cabelo. Ficas assim um menino pequenino entre os meus dedos.
És o único território onde me desejo sempre e para sempre perder. Foi nele que encontrei a parte que me faltava.
Gosto tanto do que escreves...
ResponderEliminarQue bonito Daisy...!
ResponderEliminarQue bonito texto.
ResponderEliminar:) Obrigada, minhas queridas :)
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