Tenho uma certa nostalgia da criança que fui. Fui uma criança feliz. Muito feliz. Com uma infância tranquila e acompanhada. Nunca me deram irmãos. Todos os natais os pedia até aos doze desistir. Gostava de ter irmãos. De preferência um irmão. De preferência mais velho. Diz quem me trouxe a esta vida que só há memória de ter feito duas birras. Uma após um jantar tardio, em que os meus pais festejavam anos de casados e em que não parecia estar muito virada para românticos passeios noturnos pela baía de Cascais. Outra por causa de uma gaiola dourada com um passarinho vermelho que cantava. Na loja levei a palmada do pai. Meses depois, quando já nem na memória cantava, recebi a gaiola mais o passarinho vermelho. E foi tudo.
Fui uma criança serena e feliz. Nunca padeci de nenhuma das caracteristicas apontadas aos filhos únicos. Sempre tive prazer em partilhar as minhas coisas. Nunca fui menina de caprichos. Nunca tive expetativas que ao meu redor fizessem de mim o centro do mundo.
Continuo a olhar a vida da mesma forma mas, apesar de tudo, hoje gostava de continuar a acreditar que vale a pena não fazer birras, bater o pé e ter amuos. Gostava muito. Mas vou tendo sérias dúvidas. As meninas caprichosas parecem colher os seus frutos. E ás vezes fico farta, muito farta desta minha forma de ser e estar que "abre mão de tudo" e que não faz birras para ter o que quer. Estou farta de Princesas e Raínhas. Farta de assistir de camarote a quem conjuga todos os dias com sucesso e mestria o verbo manipular conjugado com gente. Acho que já andei bem mais longe de virar a mesa e tirar o tapete. Ser boazinha tem os seus limites. Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Quem não quer ser Capuchinho Vermelho e comer maçãs envenenadas por bruxas más que nas horas vagas tentam ser Raínhas, também não.
ai m.,há tanto de ti em mim ... também eu, filha única, nunca fui criança de birras ou caprichos. também eu,começo a aprender (tardiamente) que é preciso virar a mesa de vez em quando...
ResponderEliminarAo contrário de ti querida M., sou a mais nova de 4. Muito mimada e caprichosa. Amuava (e às vezes ainda amuo) e fazia alguma birras para tentar levar a minha avante. Com o passar dos anos melhorei e muito desde que fui mãe. Menina habituada a ter tudo o que o dinheiro podia comprar e apagar a falta de afectos (pensavam eles). Mas nunca, nunca na vida passei por cima de ninguém, nunca vesti a pele de lobo (nem o fui). Tudo o que tenho hoje em dia, foi à conta do meu esforço e não tenho mais porque muitas pessoas se fazem passar por cordeiro e eu? acredito. Burra que não aprende. Tenho dias que fico tentada a puxar o tapete, a pagar na mesma moeda, mas nunca consigo. Por isso, acho que nunca vais conseguir fazê-lo. Tens valores e princípios e é essa a tua essência, muda-la seria ires contra a natureza. Bj**
ResponderEliminarPode haver quem pense o contrário... mas eu não entendi "esse desabafo" como pieguice.
ResponderEliminar:)
Claro que há limites para tudo. Mas nunca te arrependas de ser a boazinha da história. O mundo precisa de pessoas como tu, equilibradas e generosas que foram crianças calmas e felizes.
ResponderEliminarDeixa lá que os manipuladores e "birrentos" têm o pior castigo que é de não serem felizes. Pobres que são.
Beijinhos
Não sou filha única... e que me contassem eu não podia passar em frente a uma sapataria... pelos vistos era doida por sapatos. De resto, se eu pedisse por exemplo, uma pastilha, e me dissessem NÃO eu nem discutia. Tb nunca fui de grandes birras... sou da opinião que isso tem muito a ver com o caracter de cada um. Fico feliz de ver que tiveste uma boa infância. Eu não posso dizer o mesmo, e infelizmente não consegui fazer melhor pelos meus filhos... bem, o meu filho estou a ver se "salvo" um pouco mas por questões exteriores a mim, nem tudo depende do meu querer e bom senso. Talvez por isso o protejo um pouco mais. Será que faço bem? Visto ter falhado grandemente com a minha filha, espero fazer diferente com o meu filho. Espero que resulte!
ResponderEliminarBjs doces xxxx
depois de ler o teu post deu-me saudade da infância, da candura e da marotice.
ResponderEliminar:D
beijinhos**