O pequeno almoço, eu e as pêgas das migalhinhas

Gosto de carros limpos. Chamem-lhe mania das limpezas, chamem-lhe o que quiserem. Gosto e sempre gostei. Sempre me fizeram confusão os carros cheios de lixo, cinza e beatas - isso então, a juntar ao sedutor aroma de tabaco ressequido é um must - ou que me lembram que já vi nascer couves em sítios com menos terra [a frase não é minha, mas adoptei-a]. Nada contra, desde que seja dos outros. Meu, nem pensar! Não o lavo todas as semanas e não passo a vida de pano na mão ou a sacudir tapetes [digamos que tenho fetiches mais interessantes], mas se começo todos os dias com um belo banhinho, visto roupinha lavada e ponho perfume e tudo [imagine-se!], acho que a coisa não combina. Manias!

Não gosto de carros sujos e não gosto de comer demasiado cedo. Pronto, até podem dizer que afinal já começo é a ter manias a mais. Mas é assim. Se acordo cedo não é fácil sair de casa de pequeno almoço tomado. Dá-me nauseas e recusa-se a ficar lá dentro. Vai daí que, como estou em fase de corte orçamental e tive de passar a tomá-lo em casa, a única alternativa que encontrei foi comer um mísero pacote de bolachas que, como normalmente me atraso, vai quase sempre acabar dentro do carro.

Isto tudo só para dizer que, por muito cuidadinho e cerimónia que faça a tirar as rameiras das bolachinhas lá de dentro, o bode do pacotinho acaba sempre por se encarregar de dar uma meretriz de uma voltinha e as pêgas das migalhinhas espalham-se pelo carro todo.

E não é que isto interesse a alguém, mas se não dissesse estes palavrões todos, rebentava!

E os diminutivos também ajudam qualquer coisinha.