Como se deseja sempre dizer a um grande amor... Até já!
31.8.12
30.8.12
Breve esclarecimento ou adenda a um post abaixo
De volta ao post Espelho meu, espelho meu:
Antes de mais, o meu agradecimento. Pela partilha de ideias, pelas cumplicidades sentidas, pelas palavras deixadas. Nunca me vou cansar de repetir - acho sempre fundamental fazê-lo, aliás - este blog não é mais do que um espaço privado com as portas abertas ao publico. Apesar disso, a partilha que nasce dele com quem o lê será sempre uma parte muito importante, não fosse essa a intenção, era um blog com guest list..
Ainda assim, ainda que nele deixe registados conteúdos de ordem pessoal, faço questão de ter o cuidado de não ferir suscetibilidades. Politicamente correta? Não! Nem de perto nem de longe! Essa não é decididamente a minha praia. Trata-se apenas de fazer justiça a um bom principio em tudo na vida, respeitar para ser respeitada. Nunca tive blog para conquistar audiências, não concorro para aumentar números de seguidores, nem para ser publicamente mencionada seja onde for. Este é apenas um blog entre muitos - milhares! - de blogs, escrito por uma pessoa normal, com uma vida preenchida de coisas simples! Acaso haja quem não goste de me ler - e haverá, certamente - a verdade é que nunca até hoje tive registo de um comentário desagradável neste espaço. Muito pelo contrário, mesmo quando vêm de anónimos. Os comentários nunca foram sequer moderados. É, portanto, uma feliz experiência, recheada de felizes constatações.
Mas não me quero alongar, vou direta ao assunto, porque depois dos comentários deixados no mesmo, quero apenas acrescentar algumas considerações ao post Espelho meu, espelho meu.
A reflexão/desabafo resulta apenas e só da observação de um fenómeno recente. Foi sobre uma tendência de blogs, como podia ter sido sobre a cor de vernizes, a proliferação de lojas de compra de ouro ou outra banalidade do dia a dia. Vale o que vale e dura o que dura.
Acho natural - até mesmo giro - que hoje as mulheres possam expor das mais diversas formas muitas das sua facetas. A conquista deste lugar, desta visibilidade, não é assim tão distante no tempo, o que só por si a torna um fenómeno interessante e assinalável.
A proliferação de baby blogs não faz mal a ninguém e pode ajudar muita gente. Que mal tem partilhar as ansiedades sobre os primeiros banhos, perguntar qual a marca de fraldas com que devem fazer o enxoval, ou publicar carradas de fotografias de bebés rechonchudos no primeiro dia de praia? Nenhum! Muito antes pelo contrário. Certamente que se tivesse agora um bebé faria mais do mesmo.
A minha reflexão/desabafo não se prendia com esse tipo de abordagem. E quem ande de forma mais ou menos frequente pela blogosfera sabe do que falo. No caso referia-me a blogs em que a principal preocupação é falar do que os outros devem fazer, mais do que das próprias experiências de parentalidade. Algum mal nisso? Talvez. Depende da forma como quem os lê tem a capacidade de filtrar a informação que é passada como se de lei se tratasse, de forma generalizada. Isso é problema de cada um? Pois é! Mas, lá está, quem pretende ser conhecido e reconhecido como referência e com credibilidade pelo que escreve, não é obrigado a um especial cuidado? Muito honestamente? Para mim, sim!
É normal que as pessoas não venham para a rua expor ao deus dará as suas vidas pessoais? Pois claro que é! E muito bem, digo eu. Ninguém tem de saber que naquele dia, lá em casa, o dia começou com gritos e apitos, com vontade de fazer meninos, marido, cão, gato e peixinho voar pela janela fora e já agora com a chávena de chocolate quente entornada no tapete, logo atrás?... Pois não! Claro que não! Porque nem nós nos queremos recordar disso. Porque é normal, faz parte, mas cansa, desgasta, entristece, desespera e frustra. Porque o que gostávamos mesmo, MESMO, era que tudo deslizasse como Vaqueiro em frigideira anti-aderente aquecida e que todos as manhãs começassem com beijos, sorrisos e terminassem com os mais doce até logo. Mas a grande porra é que não começam. Uma boa parte das vezes - e em algumas fases da vida, quase nunca - não começam nem acabam assim. Acabam com indisposições, discussões, lágrimas, vociferações e ameaças mais ou menos expressas à integridade física, com coisas leves como se não bebes já esse leite despejo-te a taça de cereais na cabeça!; se não pegas na mochila neste instante e sais já a porta, atiro-te pela janela; achas normal ter o teu filho com papa a escorrer pela boca abaixo e não lhe passares um guardanapo? e outros mimos ainda mais elaborados, muitas e muitas vezes acompanhados de uma mão assente num lugar qualquer ou de um encontrão bem aviado.
Quem é que tem vontade de fazer posts sobre isto? Ninguém! Eu também não os faço! [e sabem lá a quantidade de manhãs dessas que tenho por cá. Ainda bem que os meus vizinhos não têm blogs!] Até porque, felizmente, a vida das familias não é só isto. Todas as famílias decentemente equilibradas são uma verdadeira manta de retalhos emocional. Além disso, não há quem me convença do contrário: à exceção dos casos patológicos, só discutimos e nos zangamos com nos é verdadeiramente importante.
Aquilo a que me referia não era ao facto de só partilharmos o mais agradável, as fotografias bonitas das férias - quantas vezes antecedidas de uma boa discussão e umas quantas lágrimas - as gracinhas e os desenhos das crianças lá de casa, os programas de fim de semana em família. Não, não era de todo a isso. Referia-me apenas às pessoas que têm por ambição e mediatização o desejo ser o espelho das outras.
Para sermos espelho de alguém temos primeiro de aprender a ficar nus em frente ao nosso. Isso obriga, incontornavelmente a, querendo terminar com uma moral, aprender a contar a história toda mas, sobretudo, a respeitar a história de cada um.
A minha opinião, contudo, vale o que vale. É apenas a minha e nunca mencionaria um único blog que enquadre nessa categoria. Já em compensação, para vos dar um exemplo assético de um blog que há muito acompanho e que, por não ter mais do que a pretensão de ser o que é, só pode ser, aos olhos de quem quer que seja, visto com isenção, remeto-vos para o dias de uma princesa. Não conheço a autora mas devoro-lhe os posts com os olhos e o coração. E de que fala ela? Da sua aventura na maternidade de dois, em circunstâncias que são muito suas! Ora aqui está a prova da minha devoção também a gente que só fala das suas crias!
Para sermos espelho de alguém temos primeiro de aprender a ficar nus em frente ao nosso. Isso obriga, incontornavelmente a, querendo terminar com uma moral, aprender a contar a história toda mas, sobretudo, a respeitar a história de cada um.
A minha opinião, contudo, vale o que vale. É apenas a minha e nunca mencionaria um único blog que enquadre nessa categoria. Já em compensação, para vos dar um exemplo assético de um blog que há muito acompanho e que, por não ter mais do que a pretensão de ser o que é, só pode ser, aos olhos de quem quer que seja, visto com isenção, remeto-vos para o dias de uma princesa. Não conheço a autora mas devoro-lhe os posts com os olhos e o coração. E de que fala ela? Da sua aventura na maternidade de dois, em circunstâncias que são muito suas! Ora aqui está a prova da minha devoção também a gente que só fala das suas crias!
Para finalizar, os meus públicos agradecimentos à Duchess e à Miss Glittering. Pelos seus posts de hoje e pela amizade que transcende estas portas. Duas Mulheres que admiro e que têm, por razões que são publicas nos seus blogs, experiências de maternidade que vão muito além da minha.
Last but not least, a todos os que por aqui passaram hoje, vindos do 4D ou do às nove no meu blogue, encaminhados por isto ou por isto o meu obrigada!
Não sei nada sobre o amor
Um dos meus grandes prazeres é a leitura. Apesar de tudo, leio muito pouco - quase nada - de ficção, o que faz com que uma boa parte dos títulos que têm andado ultimamente e de há uns anos para cá na berlinda me passem completamente ao lado. Nunca li José Rodrigues dos Santos, nem Rodrigo Guedes de Carvalho, nem mesmo Saramago. Li Agualusa, Mia Couto, Miguel Sousa Tavares, pouco mais, no que ao panorama nacional toca. No plano internacional, em compensação tenho profunda vergonha de dois que nunca li: Jorge Amado e Gabriel Garcia Marquez. Acho um atentado, uma falha imperdoável e injustificada e há muito que assumo o compromisso de mergulhar em algumas das suas obras. Sei que até ao final deste ano o vou fazer. Está decidido!
Adoro ler e leio muito. Quem entra no meu carro sabe que encontra sempre repousado no banco traseiro ou numa das portas um ou dois livros, normalmente de reserva para os dias em que me esqueço do principal. Mas a verdade é que leio muito mais livros ligados às ciências sociais, sobretudo na área da psicologia. E o tempo que me sobra não dá para muito mais.
Toda esta introdução parece querer justificar a imagem do livro acima e o que vou escrever a seguir. Mas não quer. Era o que faltava!
Tenho este livro há 3 anos. Comprei-o pouco depois de ter sido lançado. Na altura tinha um programa de rádio na Antena1 que andava em torno da escrita e por isso falava também da escrita dos outros. Era o primeiro livro de Júlia Pinheiro (e único até à data, creio eu). Ocorreu-nos que seria giro tê-la por lá a soltar os decibéis. Mas o facto de ser mulher de um dos diretores da estação de rádio e ao mesmo tempo trabalhar na concorrência televisiva da estação nacional, fez-nos reconsiderar e acabámos por nunca a ter. O programa acabou, muitos livros vieram pelo meio e, lá está, como habitual, a ficção lá por casa vai quase sempre ficando para segundo plano.
Depois de ter acabado o livro que mais recentemente comentei por aqui, Morrer é só não ser visto, foi mesmo para este que me deu. Agora sim, andava com saudades de me entregar a uma escrita fantasiada, o que não é necessariamente o mesmo que fantasiosa. Agora a confissão: fiquei absolutamente rendida! Não me apetece fazer as contas, mas acho que o li em cerca de uma semana.
De Júlia Pinheiro tenho uma opinião que corresponderá à mais generalizada. Tem um tom de voz capaz de ferir os ouvidos de um tísico, característica que, só por si, faz perigar muitas das virtudes enquanto comunicadora. Totalmente à margem de tudo isto, considero que Júlia Pinheiro é uma mulher inteligente e com um excelente domínio da palavra. E estes são, por natureza, dois ingredientes tão básicos quanto essenciais para quem se lança à aventura das histórias imaginadas.
Não sei nada sobre o amor é um romance de quem pode não saber tudo, mas sabe muito da vida. Num registo simples, desabrido, transparente, inteiro. Com uma escrita tão fluente quanto convincente, tão prenha de sentido quanto saborosa de ler.
Pessoalmente, não dou um chavo por livros pseudo intelectualóides que me façam voltar atrás a cada frase acabada de ler. Também não tenho pachorra para catarses de escritores à procura da identidade nem que têm da vida apenas a visão da sua sombra. Sou básica. Gosto de gente simples. Simplesmente inteira.
Não sei nada sobre o amor é, antes de mais e acima de tudo, um fiel retrato da sociedade portuguesa ( e europeia, até certo ponto), dos últimos 80 anos. Tem o mérito de percorrer a história sem ser maçador, pretensioso ou enchouriçado para render páginas. E tudo isto conduzido pelos cinco sentidos de quatro mulheres. (se se quiserem fazer um favor, não caiam na tentação de ler a sinopse... as sinopses são habitualmente a pior apresentação dos livros, seja de quem for!)
A todos os que, gostando de ler, já passaram por esta capa e olharam de soslaio, recomendo, vivamente! E, já agora, se não for pedir muito, depois venham cá dizer se valeu ou não a pena!
29.8.12
Espelho meu, espelho meu
Não me levem a mal e menos ainda me interpretem mal, mas há algum tempo que constato um estranho boom, uma curiosa moda, que traz a palavra parentalidade na ponta da língua de muita gente.
Que é verdade que ninguém nasce ensinado para a ser pai e mãe, parece-me incontornável. Tão incontornável quanto o facto de ser importante ter a humildade de aceitar e desejar saber mais, fazer melhor, de geração para geração. Mas daí até o assunto ter uma abordagem de B-A-BA, de ABC da Sabedoria dos cronistas que a expõem, numa linguagem que em muitos casos (diria eu que assustadoramente demasiados) roça a conversa para atrasados mentais, como se de repente a humanidade tivesse perdido a memória coletiva e cada um de nós a memória da sua história pessoal, começa a parecer-me ridículo.
Que os ternurentos petizes sejam um desafio, é bom e desejável. Mas daí a tornarem-se numa espécie de "admirável mundo novo", com direito a manual de instruções como se de produtos em série se tratassem, convenhamos, dá que pensar!...
É natural que não me cativem particularmente os tão aclamados e generalizados baby blogs. A minha filha tem 13 anos, já passei a maré. Apesar de tudo, gosto de ler as aventuras e desventuras de bebés e progenitores - mais progenitoras, pois claro, que os homens andam lá fora a lutar pela vida e não se seduzem muito com estas coisas de escrever sobre fraldas - sobretudo no caso de blogs que sigo há mais tempo, mesmo antes do nascimento das atuais estrelas do pedaço :)
Nos blogs do género, que espreito ou acompanho mais de perto, há de tudo. Mães de primeira viagem, mães de família numerosa - hoje, dois filhos numa casa já é multidão! - mães leigas mas muito informadas e mães formadas em áreas da maior valia para esta missão. O único critério que me interessa é ser gente de carne e osso. Para folhetins vintage, cor de rosa, ou ligo a televisão ou compro Hola!
O que mais me estimula no ser humano é a sua inesgotável capacidade de aprender errando. Tenho particular apreço por gente genuína e a mais profunda admiração por gente que humildemente reconhece que se engana.
Mais do que de gente que afirma, indica e dita, gosto de gente que expõe de forma honesta a sua experiência de vida e com ela se confronta, afronta e interroga. Gosto de gente que interpela e se interpela, que se desafia e que abre o peito às balas.
Mas muito do que se vai lendo, sobre o famigerado tema da parentalidade por estes dias, tem o peso de dogma. Uma boa parte das vezes são nada mais do que frases feitas, bonitas, redondas, inchadas de boas intenções, inspiradas em tardes bucólicas ou em livros resgatados de uma estante próxima.
Fala-se das adoráveis criancinhas que temos por casa como se fossem sempre uns rebuçados docinhos de chupar, sempre cooperantes, logo lhes expliquemos as coisas com palavras dóceis e fáceis, mesmo que em forma de hermesetas (ou eventualmente disfarçadas com xanax) , como se o dia a dia de uma mãe, de um pai, de uns pais, fosse possível sem um cabelo fora do lugar, só por haver diálogo.
Quem é mãe de um sabe que é impossível. A partir de dois, desculpem lá que vos diga ou vos traumatize se estão a pensar seriamente aumentar a prol, esqueçam lá isso, meus senhores!
Toda a gente sabe que o diálogo não chega. Os patamares de linguagem são diferentes, os objetivos são diferentes, há coisas que uma criança legitimamente quer, mas que nem pode ter nem consegue compreender (e menos ainda aceitar com falinhas mansas) que não vai ter. E isto digo eu, na tranquilidade da minha experiência, que nunca soube o que era uma birra na minha filha! Mas o diálogo não chega! Os meninos que temos em casa não são vaquinhas de presépio que dizem que sim a tudo, com a cabeça. E ainda bem, digo eu, sem pingo de hipocrisia! Porque é em casa - deve ser em casa! - que testam os seus e os nossos limites, a liberdade e a autoridade. E se assim não for, - deixem-me lá agora saborear o sensação de dar bitaites genéricos, qual opinion maker encartada - preocupem-se com os efeitos colaterais e ao retardador, senhores pais! Salvo raras exceções, esse é um comportamento contra natura. Foi graças ao incoformismo e preserverança das espécies que a humanidade sobreviveu até à data. Sem espinhas!
Quem vive em família, a dois ou monoparental, sabe que cada casa, cada ninho, é palco de sucessivas guerras e armistícios, sempre em nome de uma paz que se deseja seja duradora e eficaz. Ser pai e mãe é um trabalho duro, em muitos momentos incompreendido pelos que mais e melhor nos deviam perceber e ajudar, demasiadas vezes sem retorno imediato, que exige a resiliência dos bravos e a paciência dos santos e que muitas vezes provoca desencontros com as pessoas que mais amamos - os filhos. Não me levem a mal, senhores amigos dos dogmas da parentalidade, mas dourar a pílula é maldade...
Se ao escrever o que por aí se escreve se pretende fazer um serviço público, não falem em português suave. Chamem os burros pelos nomes e não caiam na distraída tentação de fazer mães e pais, seres humanos de carne e osso (e muito sangue!) sentirem-se extra terrestres ou carrascos, por não conseguirem ter sempre um sorriso plácido e cândido estampado no rosto, nem um cabelo exímiamente penteado.
De boas intenções está o inferno cheio. E de modelos perfeitos e inatingíveis desconfio que também, por sinal...
27.8.12
[In] disponível
Não é propriamente novidade fazer o que tenho a fazer sozinha. Nascida sob o signo da independência e sempre ao longo da vida orientada para e pela autonomia, não posso dizer que seja um esforço sobrenatural lutar pelos meus objetivos. Sulcar com as próprias mãos a terra, nela acomodar a semente, ficar vigilante, atenta, presente na espera, cuidadosa no crescimento, paciente enquanto aguardo o fruto e a colheita, são gestos que fazem parte da minha natureza. Se é ou foi sempre fácil? Claro que não! A par de tudo isto há também um ser com uma boa dose de impulsividade, com sede de fazer, de criar, de desbravar, de progredir. Ao longo do caminho, entre tentativas e erros, o desafio foi encontrar ou definir o equilíbrio entre os dois patamares e conseguir a união harmoniosa entre os dois mundos. Simples? Nem por sombras! Mas reside também aí a minha resiliência, o meu espírito de guerreira. A razão da minha luta constante: recuar -analisar - redefinir estratégia - avançar.
Não é propriamente novidade fazer o que tenho a fazer sozinha. Não, não é. Mas a verdade é que há momentos em que cansa mais. Há momentos em que faz mais falta a mão que alguém nos dá e que caminha ao nosso lado. Sobretudo a mão que aperta mais a nossa e não a que folga, perante a adversidade. E há momentos em, que só isso, faria toda a diferença e tornaria tudo mais leve mas, sobretudo, mais saboroso. Sim, porque as dificuldades têm um sabor muito próprio, não necessariamente amargo. Depende do uso que lhes damos e dos ingredientes que lhes juntamos. São afinal elas, acima de tudo elas, as grandes estrelas do nosso crescimento pessoal.
Não é propriamente novidade fazer o que tenho a fazer sozinha e não era o que mais me apetecia neste momento. Mas é assim que tem de ser? Seja! Quem sabe se sou eu, neste meu espírito de independência compulsiva, que o peço mesmo sem querer ao Universo? [acho que não, Amigo, acho que não, mas Tu lá deves saber alguma coisa que me escapa...]
Caminhar bem sozinho resulta em boa parte da natureza com que se nasce, muito mais do que do meio envolvente ou envolvido no nosso crescimento. Mas resulta também de um exercício continuo, com diversas etapas de estágio. Muitas dúvidas que se têm de sanar sozinhas e uma boa dose de medos; uma mão cheias de lágrimas e alguns chumbos de permeio. A resiliência é testada ao limite quando não há ninguém que possa a par de nós poupar o material. É por isso que, quando se caminha sozinho, há momentos em que nos temos de defender e antecipar. Nesses momentos a necessidade de priorizar torna-se urgente. Não se pode estar em tudo ao mesmo tempo, com a mesma entrega, a mesma intensidade. Sobretudo quando é assim que se gosta de estar quando se está - disponível e inteiro. Priorizar implica uma boa dose de ausência do que, ainda que possa ser importante, é adiável.
É importante sermos um dos compromissos mais importantes e inadiáveis da nossa agenda. Egoísmo?... Egoísmo [ou grosseira distração] é dizer a tudo e todos que podem contar connosco e roer a corda por falta de tempo!
Uma boa dose de equilíbrio [e honestidade para com os outros e nós próprios!] resulta do tempo que nos dedicamos em exclusividade, sem culpas nem remorsos. E se é verdade que só quem luta há muito sozinho pode conhecer a verdadeira dimensão desta afirmação, não é menos verdade que sobre quem não o percebe pende o dever mínimo de o respeitar, ainda que intimamente julgue ou condene esta opção.
Na minha agenda dos próximos tempos as prioridades estão assinaladas e a única pessoa que se sobrepõe a elas é a minha filha, por razões que são óbvias e inquestionáveis, e que vêm todas do coração. Tudo o resto será gerido ao dia. A bem do equilíbrio. E da concretização!
26.8.12
25.8.12
Sintra
Sintra é sempre perfeita para matar saudades do campo. E está sempre tão perto. Tão deliciosamente perto.
24.8.12
21.8.12
Morrer é só não ser visto
Durante três anos, por motivos profissionais, trabalhei muito perto da morte. No caso, o desafio, se assim lhe podemos chamar, era prolongar o tempo de vida com qualidade da mesma. Por nós - por toda a equipa - passaram "casos perdidos" que ressuscitámos, mas passaram também despedidas. Passaram famílias ansiosas, atentas, presentes, e outras nem tanto. Passaram pessoas a quem ajudámos a fazer a passagem, da forma mais nobre e tranquila que conseguimos.
Podendo parecer assustador ou mesmo macabro a quem me lê, privar de tão perto com a morte, foi um imenso privilégio. É verdade que me ajuda o facto de sempre a ter considerado uma inevitabilidade. Há muito que acho que em relação a ela a nossa missão, mais do que aceitar, é aprender a gerir como uma imprevisibilidade, totalmente fora do nosso controlo. Como animais controladores que nascemos, e somos estimulados pelas sociedades modernas a ser, gerir a imprevisibilidade é, sem dúvida, um dos maiores desafios do homem actual. No primado da tecnologia, estamos em todo lado a todo o tempo, nada escapa ao nosso controlo sensorial... excepto a morte que, quer queiramos quer não, sempre nos trocará as voltas. Talvez por isso se fale cada vez menos dela. Talvez assim se negue a nossa própria existência...
Privar com a morte é ficar mais perto da vida. Mais perto da essência do que somos, daquilo a que viemos e escolhemos. É ficar mais perto do limite e aprender a dar valor aos dias e a contar de outra forma as horas, os minutos, os segundos. É viver de perto a consciência de que quem parte segue caminho e que quem fica, por algum tempo, fica apenas a sobreviver. É interiorizar a dimensão da dor mas também ganhar a dimensão da esperança. E a rendição inevitável ao maior despojamento que nos é proposto em vida - deixar partir, muitas vezes sem apelo nem agravo, quem mais se ama.
Inês de Barros Baptista, autora do livro acima, foi um dia de forma tão inesperada como incontrolável, surpreendida por uma partida da vida. Do seu luto resultou um caminho, uma busca e muitas respostas.
Quem, como eu, a acompanhava no editorial da revista Pais&Filhos de que era diretora ao tempo dos factos, sabe bem do que falo.
No seu caminho, Inês de Barros Baptista emocionou muita gente, e inspirou e ajudou outra tanta.
Alguns anos passados sobre o acontecimento, lançou este livro e não consigo recordar se o Pai Natal satisfez o meu pedido na carta que sempre lhe endereço com os livros e discos pedidos, no Natal de 2011 ou no anterior. Sei apenas que há muito que esta leitura andava adiada, não por receio ou falta de interesse, mas porque outras folhas se entremearam, entretanto.
Morrer é só não ser visto não é um livro sobre morte, mas sobre a vida. Sobre o impacto que a vida de quem parte teve e tem sobre quem fica e sobre como a vida se transforma para os que lhe sobrevivem.
É um livro de relatos reais, cada um num registo próprio e ímpar. É um livro que comove mas, sobretudo, atrai pela forma clara, ínequívoca e simultaneamente bonita como está escrito. E, se querem a minha opinião, por todas as razões, este é um livro que todos devíamos ler um dia.
Terminei de o ler durante as férias e há algum tempo que me apetecia ter partilhado esta reflexão por aqui. Escolhi fazê-lo hoje, por ser o dia em que a minha avó querida faria 81 anos. Porque não a posso ver, mas vou sempre sentir. E essa é uma certeza, que trago comigo. Morrer é só não ser visto. E sei que estás bem, avó.
16.8.12
Regressar...
Não tem sido fácil regressar. Ao blogue e ao ritmo, pós-férias.
Finalmente, no lugar dos dias que são ainda mais felizes do que os outros, a partilha dos momentos, cores, cheiros e sabores das nossas férias está feita.
Por aqui há vontade de retomar as rotinas deste espaço e de uma boa dose de textos e reflexões que me apetecem cá deixar, mas a ressaca dos dias bons que se deixaram para trás é mais do que evidente e vou-me deixando ir, até ver, até sentir a energia para regressar, de vez!
Assim vou, num consentido gerúndio, dando tempo ao tempo.
Mais uma vez, as respostas aos vossos comentários a diversos posts andam atrasadas. Quem por aqui passa com frequência já vai sabendo que de vez em quando isto acontece. Mas amigos na mesma, certo? ;)
Até breve!
12.8.12
Back
As férias terminaram. Este ano o pc também descansou porque, apesar de o ter levado a passear ao Algarve, não tive a mais pequena tentação de o ligar dia nenhum. Todos os anos, nas férias de Verão gosto de desligar do mundo. Este ano superou tudo!
Nos primeiros dias, nem a habitual compulsão de tirar fotografias me assolou. Depois, com o passar do tempo e o entranhar do descanso, os cliques começaram a multiplicar-se.
É tempo de arrumar malas e preparar o regresso ao trabalho que é já amanhã. Com tempo, a partilha dos bons momentos que ontem deixamos para trás, até ao próximo ano, acabará por ser feita por aqui.
A todos os que foram espreitando, até já!
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