31.10.10

Até já


Vou ali, já venho.

Dos fins de semana prolongados

Não me canso de dizer que gosto de bastidores. De bastidores e de trabalho operacional. Gosto do fora de horas dos espaços, de lhes conhecer as entranhas e as manhas, os atalhos e os meandros. 
Trabalhar enquanto um centro comercial dorme é mais atractivo e divertido que percorre-lo com gente a acotovelar-se em dias de chuva. Depois da primeira vez - que já lá vai há algum tempo - fica-se a tratar os corredores técnicos por tu. Minados de calhas e canos, barulhos parasitas e silêncios mudos, caminha-se por estas galerias como se fôssemos familiares toupeiras. O que de inicio parece igual ganha, com o hábito, caracteristicas únicas.
Gosto de trabalho de bastidores e operacional, tanto como gosto de trabalhos solitários e silenciosos. Gosto de regressar enquanto a cidade dorme e de ouvir apenas os meus passos ecoarem na rua, no percurso do carro até casa. 
Para coroar a noite de ontem, bastava que os senhores dos bolos quentes da Ajuda não estivessem de portas fechadas. À conta da desfeita, o desejo que às três da manhã oscilava entre um macrobiótico mil folhas e uma dietética bola de Berlim, acabou por se ter de contentar com umas calóricas quatro bolachas de água e sal com marmelada caseira, antes de me resignar que era hora de dormir.

30.10.10

Vida em mim


A vida é uma viagem, todos sabemos. Navegação à vista que a rota não foi prevista e o mapa se vai revelando à medida que o tempo caminha. É desconhecido o destino, são incógnitos os portos, escassas as enseadas onde encontrar abrigo. O barqueiro tem uma venda, e cego, o barco prossegue arrastado por ventos e marés, ferido aqui e ali, por correntes e escolhos. Continuamos viagem sem saber o que nos guia e que porto demandamos. Pela minha parte, tento encontrar coerência no meu percurso, o sentido oculto, a harmonia que se deverá esconder por detrás de tudo.

Vida em Mim
Nuno Lobo Antunes

Fim de dia



Sabe bem a chuva lá fora, cena de filme com adequada banda sonora, cá dentro. Enquanto as castanhas assam, vou saboreando um livro. Aproveito milimetricamente o dia, antes da noite de trabalho. 
No lume que arde não aqueço a alma, mas a dança do fogo que se agita em cada labareda sempre me confortou o coração. 
Gosto tanto de ti, Outono.

Os meus peixes


Os meus peixes dão-me paz.

27.10.10

Gostava tanto de perceber


... por que razão teimo em ter pacotes de Maizena - assim tipo aos pares - se é coisa que nunca preciso,  se preciso nunca me lembro de usar e durante toda a minha idade adulta e de tentativa de dona de casa esmerada me lembro sempre de os deitar fora com o prazo expirado - e se aquilo tem prazo alargado, minha gente! - e ainda por encetar. Eu sei que a questão e o parágrafo é grande, assim como complexa ou, quiçá, mesmo hermética a respectiva resposta, mas se alguém padecer do mesmo mal, já com diagnóstico apurado, talvez me possa ajudar.
Há coisas nesta vida que, de tão difíceis, já desisti de perceber. Mas compreender as razões que a razão desconhece, relativas à compra compulsiva de Maizena, pode revelar-se um verdadeiro alívio.

Uma espécie de refeição

... gourmet.
Há sabores perfeitos, não há?

Under Lisbon skies


Uma simples música pode fazer toda a diferença no começo de um dia. Por vezes é tudo quanto basta, para ver um pouco de céu e sorrir. Esta intrusa no carro, fez o meu dia!

25.10.10

E para os dias recolhidos, este blogue recomenda



No momento da morte, diz-se, passam na nossa mente, em sucessão instantânea, pessoas, lugares, pedaços da existência, num rebobinar de um filme que se extingue. Neste livro, em processo semelhante, mil vozes se erguem, fantasmas adormecidos despertam, memórias há muito esquecidas retomam brilho e cor, quando presente e passado se confundem, e uma semana vale uma vida.

Olhos que se vêem a si mesmos, e nessa peregrinação interior procuram descobrir o nexo, o sentido de uma existência em que o passado caminha ao lado do presente, numa conversa cúmplice de quem se conhece bem.

No final do dia, o médico pede ao leitor que lhe devolva o que ele deu aos seus doentes: um ouvido para ouvir, um coração a partilhar, uma mente que tente compreender. Nesse processo, troca de lugar, põe-se do outro lado da secretária, mergulha dentro de si, desarruma as memórias e, tal como os doentes de quem cuida, abre o jogo e mostra quem é e de onde vem.

Este blogue


Este blogue anda profissionalmente atarefado e pessoalmente triste.
Talvez este blogue ande a necessitar de um retiro.
Como sou [muito] amiga deste blogue, talvez lhe faça companhia.
Este blogue tem dias.
Eu também.

20.10.10

A vida é uma série de recomeços


Começar o dia com a noticia do internamento de uma criança deixa-nos de rastos. Se essa criança é uma das melhores amigas de um filho nosso, as emoções redobram. Se o diagnóstico é de diabetes o coração sobressalta-se pela angústia de uns pais, apanhados de surpresa. 
Objectivamente, quando planeamos e desejamos um filho, todos sabemos que a vida pode sempre reservar surpresas. Subjectivamente, caminhamos na esperança de que as que podem comprometer uma vida saudável e plena nunca se cruzem nos nossos caminhos. A vida é feita desta ambiguidade, entre o que queremos e desejamos e o que, grande parte das vezes sem pré-aviso, nos acontece. 
O susto dá lugar à perplexidade, que dá lugar à indignação, que dá lugar à revolta, que dá lugar à raiva, que dá lugar à tristeza. Quando se trata de um filho, normalmente este caminho não dura mais do que o tempo de lamber   a ferida que sangra em nós e seguir. Como num inesperado naufrágio, nadamos rapidamente e impulsionamos o corpo até emergir e resgatar a vida.
É nestes momentos que a verdade de quem somos e do que conseguimos fazer perante a adversidade fala mais alto. É nestes dias, em que a vida nos obriga a arregaçar as mangas e encontrar forças que desconhecíamos, que tudo se torna mais claro. É com episódios assim que relativizar se torna mote de vida e o essencial ganha definitivamente lugar no dia a dia.





18.10.10

Parabéns G.!


Esta imagem, faz amanhã um ano. Hoje fazes tu!
Passou depressa e eu, apesar dos ridículos km que nos separam, raramente estive perto. Vi-te crescer à distância-proximidade das imagens que a tua mãe partilha. Ainda ontem estavas assim e agora já és grande e andas na escola. Mas sabes que mais, miúdo? O melhor ainda está para vir e eu vou estar mais perto para assistir. 
Palavra de tia!

Long time ago...

Querida Mamã,
Não passaram 12 meses. Tudo isto começou quando um dia, na tua existência, menina-mulher sonhaste ser mãe. Tudo isto começou quando imaginavas como seria ter-me nos braços, sentir o meu cheiro, tocar a minha pele, ver-me dormir e sorrir ao acordar. Tudo isto começou quando não sabias se o desejo de me ter, de me conhecer, conseguia superar o medo de errar, de não conseguir. Tudo isto começou quando ambos soubemos que um dia nos havíamos de conhecer. Tudo isto começou quando há muito mais de 12 meses eu decidi que estava na hora de vir. Também eu tinha os meus receios, sabias? 
Não passaram 12 meses. Há 12 meses foi apenas o primeiro dia de uma outra longa aventura. 
Obrigada, mamã, pelos teus braços, que me protegem, pela tua voz, que me tranquiliza, pela tua pele que me aquece, pelo teu olhar atento, que me ilumina. 
Mas sabes, mamã, o que mais te agradeço nestes últimos 12 meses? Agradeço-te pelos teus receios e pelas tuas dúvidas. Não percebes, mamã?... Pois não vês que são elas que fazem ter a certeza do quanto me amas e te preocupas?
Parabéns, Querida Mamã. Eu sabia que ia ser bom, assim! 

17.10.10

Recortes de Domingo de Outono




Azul. Muito azul.
Com Sol. Muito Sol.

Eat, Pray and Love

Sou muito feliz. Apesar dos dias em que as nuvens tapam o sol e as sombras ganham espaço, a maior parte da minha vida é feita em harmonia e paz interior, comigo e com o que me rodeia. No entanto, grande parte desta realidade deve-se, e muito, às travessias no deserto que a vida me trouxe e me permiti fazer, à busca da minha essência e da verdade de quem sou. Nesses momentos, quem espera para si mais do que a sobrevivência, parte em busca do que demasiadas vezes sente falta ou nunca encontrou. A maior parte das vezes, para o achar, não é necessário sair do mesmo lugar. Quase tudo o que buscamos do lado de fora existe em doses abundantes dentro de nós. Basta parar e aprender a escutar. Depois desse caminho feito, a abundância  e a plenitude estão no simples usufruir de nós mesmos. Estou certa de que o caminho que cada um escolhe para lá chegar é o melhor. Porque é o seu. 
Não existem fórmulas para a felicidade, mas acredito que toda a gente deseja ser feliz, à sua maneira. 
É verdade que me sinto muito feliz, mas sei que um dia posso vir a ser muito, muito feliz. Ainda ninguém me conseguiu convencer que a vida não toma outra dimensão quando se estende a mão e se pergunta, sem defesas e sem medo de tentar : attraversiamo?





16.10.10

Bom dia, Sintra

Ao contrário do que merece, Sintra não tem, salvo raras excepções como Monserrate, uma vegetação luxuriante. Mas Sintra é verde, tem pulmão e cheira a aldeia. Tenho o privilégio de a ter relativamente perto. No entanto, uma relação de treze anos de trabalho é mais do que suficiente para que, agora que ando por outras paragens, tenha tantas vezes saudades dela. De forma objectiva, Sintra já não tem novidade e não guarda segredos. Mas para mim Sintra é sempre especial, como se fosse uma casa onde se regressa depois de muitos anos. Talvez porque em tantos anos de proximidade física muitas vezes nela me perdi e encontrei. Talvez porque nela reencontro um pouco do campo e da aldeia onde em parte cresci e me formei. Talvez porque subi-la me aproxime de aromas e sons da minha infância. Talvez, e somente talvez, porque sou daquelas que gosta sempre de voltar aos lugares onde foi feliz. 
Foi bom encontrar mais pais e crianças portugueses percorrendo caminhos que tantas vezes, como hoje, percorri sozinha, entre estrangeiros.















Foi bom rever-te. As nossas conversas fazem-me bem, amiga.

Folhas de Outono

Há remédio para muita coisa, mas o primeiro remédio a aplicar em todas as circunstâncias é a compreensão.

Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos


Há sete anos que a leitura deste livro me acompanha. Intemporal pelos seus temas e transversal pela sua vasta abordagem, é um livro que se pode sempre parar e retomar, entre outras leituras. Por me acompanhar há tantos anos, este livro tem a muitas histórias dentro dele. Guarda momentos de leitura sublinhada, desenhos da M., flores colhidas por ela e outras por mim. Tem marcas de café, vestígios de manteiga e migalhas. 
Há livros que são como os amigos, por muito tempo que não os vejamos, retomamos a conversa como se não tivesse havido pausa. E estão sempre lá, quando necessitamos.

12.10.10

Adoro urzes

... e tenho saudades do campo, das fugas para a Serra, a dos meus treze anos de trabalho no countryside Lisboeta, a minha adorada Sintra e a outra, a das mil estrelas que desfilam no breu de um céu que cobre  desfiladeiros, tantas vezes envoltos em brancos mantos, a da Estrela. 
Saudades do campo, do verde, do oxigénio e do frio que purifica. Saudades das minhas Serras. Tantas. Muitas. 
Vou dormir. Talvez sonhe com elas.

Adoro


Adoro os dias em que o perfume das maçãs assadas forra as assoalhadas da casa. E do coração.

Back home

Sabe bem!

10.10.10

... do Domingo e do trabalho








O dia que amanhece na frescura de um Outono recente. Uma paisagem lavada pela chuva abundante dos últimos dias. Os verdes, ora luxuriantes ora aveludados, os amarelos dourados e os laranjas ardentes, que se entrelaçam nos vermelhos ao rubro. Uma sinfonia de cores pintadas em fortes pinceladas, enquanto os quilómetros galopam ao sabor das músicas que se evadem pelo rádio. Um sol, que ora se esconde ora espreita, por entre as nuvens casteladas, desenhadas no céu negro. Um arco-íris que acompanha o regresso a casa por quase cem quilómetros, lembrando que esta é uma estação de novas alianças. As de cada um, com a Vida e com o Tempo.

8.10.10

Woman


Assinalou, de forma especial, um bonito momento da minha vida e é desde sempre a minha preferida.

Em forma de homenagem, por um legado tão importante na história da música, esta é por aqui a banda sonora do dia.

Bom dia, Outono!


Sim, chamem-me doida, mas adoro esta chuva. Ainda por cima é sexta-feira e o meu doce pardal está de volta ao ninho materno [e eu, roxa de saudades]!  Só motivos para sorrir. 
Bom fim de semana, minha gente!

6.10.10

Português Suave

A banda sonora do dia!

Das duas três

Quando és um bebé na relação com o sono e andas há 2 dias a dever algumas horas à almofada.
Quando te levantas às 5h e ao fim do dia fizeste cerca de 500Km para caca nenhuma.
Quando tens uma amiga constipação que além de te tirar a pachorra para tudo te oferece, primeiro, o tom de voz da Marge Simpson e a seguir te deixa quase afónica.
Quando ficas entalada num elevador do elenco do exorcista.
Quando no supermercado a rama do tomate se prende à franja da tua pashmina (podia chamar-lhe echarpe, mas no contexto não era tão expressivo) como se fossem unha e carne ou gémeos siameses. Quando te acontecem estas coisas, verdadeiramente insignificantes e sem a mínima comparação com o novo pacote do Sócrates, e só te dá vontade de rir, sabes que, das duas uma: ou estás velha, ou estás doida, ou estás de bem com a vida. Ou as três, juntas!