Estava frio, muito frio e àquela hora eu costumava percorrer a rua, a mesma rua vezes sem conta. Subia a gola do sobretudo, enrolava o cachecol grande e grosso à volta do pescoço, calçava as botas de pelo mais quentes que tinha. Estava frio, muito frio e àquela hora eu costumava percorrer a rua, a mesma rua vezes sem conta. Era a hora a que vinhas, muitas vezes mais tarde ainda e a cada carro que dobrava a curva o coração agitava e o passo detinha-se. Nem sempre eras tu. Muitas vezes não eras tu. Tantos desconhecidos numa rua onde àquela hora quase já ninguém passava porque era tão tarde que a essa hora já só podias chegar tu.
Estava frio, muito frio e àquela hora eu costumava percorrer a rua, a mesma rua vezes sem conta. Depois chegavas, cansado, tantas vezes o desalento estampado, um certo ar de fuga sem destino. Olhava-te e procurava por ti. Por vezes o abraço que te dava à chegada acordava aquele que lá morara um dia e resistias menos um pouco ao que sobrava de tudo aquilo. Outras vezes não.
Estava frio, muito frio e àquela hora eu costumava percorrer a rua, a mesma rua vezes sem conta. Esperava e esperava-te no tempo que me pedias. Tantas e tantas vezes a percorri depois de partires.
E dói. E é tão belo.
ResponderEliminarQualquer partida de quem nos é especial, custa sempre!
ResponderEliminarQueridas :)
ResponderEliminarNunca partam vocês.
Um enorme beijo para cada uma!