29.8.14

Dear M. [de Mulher] *


Dormes e o teu sono é igual ao que o teu sono sempre foi. Profundo. Sereno. O mundo a poder desabar e tu lá, no teu sono profundo. Inabalável. Em paz. Mas hoje medes todo o sofá, toda a cama tem o teu tamanho certo. Milimétrico. Cresceste.

Cresces. Todos os dias te vejo crescer. Soletras agora todas as letras da maior palavra da vida. A única palavra que salva. A que tudo conhece e tudo cura.
A M O R.
Conheces de cor o som de cada vogal que transporta. A dimensão de cada consoante. As pontes a uni-las. Mãos dadas. A descoberta boa da vida. Tudo tão depressa e tão devagar. É afinal isto, a imensidão finita da adolescência. Tudo eterno num minuto.
Tens o mesmo sorriso de sempre. Doce. Irrequieto. Desafiante. Sereno. E esse brilho. Essa luz, tão tua.

Dormes e o teu sono é igual ao que o teu sono sempre foi. Igual àquele que fiquei a olhar, a ver, a descobrir, a desvendar, nas tuas primeiras horas de vida. És a mesma... e estás tão crescida, filha. Que bom! Que boa é esta viagem contigo!


* for next Vogue Edition ;)

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