31.10.12
30.10.12
29.10.12
Às vezes
Às vezes as pessoas confundem o sorriso com a ausência de problemas, com a falta de gente que nos tenha feito mal [ e muito ], de um bom punhado de incertezas e dificuldades tantas vezes ingeríveis, e que apesar disso não nos mantêm reféns de rancores, ódios, frustrações, recalcamentos e desalentos e tantos outros sentimentos de carga negativa.
Às vezes as pessoas confundem a forma como nos cuidamos, saímos à rua, estamos na vida e com os outros, com a ausência de pesos, dores e dúvidas, como se o cabelo desalinhado e pastoso, a roupa desengraçada e pobrezinha, o constante ar de mártir que tem o mundo em cima, fossem a marca registada das fases dificieis de cada um.
Às vezes as pessoas confundem os momentos em que dizemos já chega, não aguento tudo, com o capricho de quem tendo tanto, pode sempre carregar pela boca, porque é forte, resistente e não há mal que lhe chegue ao pêlo e se houver tem de assobiar para o lado e ser grato pelo que ainda não perdeu, em vez de com legitimidade e sensatez deitar de vez em quando contas à vida e perceber como vai o saldo entre o dever e o haver dos dias.
Às vezes as pessoas acham que sabem tudo quando na verdade da missa não sabem, nunca souberam, nem uma ínfima parte. Porque calámos, não por medo, vergonha ou vaidade, mas porque chamámos a nós a condução da nossa vida em vez de nos entretermos a procurar culpados e a apontar o dedo em busca de desculpas.
Às vezes as pessoas, porque é sempre mais fácil viver à superfície do que supor e respeitar a profundidade desconhecida das coisas, perdem-se no caminho que vinham fazendo até nós. E um dia, com tantas encruzilhadas que tem a vida, desencontramo-nos irremediavelmente delas e deixamos de ter vontade de as encontrar de novo.
Às vezes as pessoas fazem dos outros um espelho de si próprias e tomam a nuvem por Juno. Estão enganadas e é pena. Ou talvez não
28.10.12
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