Passamos a vida a comprar revistas com casas bonitas, a suspirar por férias em lugares especiais, a adorar ter aquela vida que vemos nos filmes e muitas vezes esquecemos como, no dia a dia, podemos ter um pouco de tudo isso nos simples detalhes. É tudo uma questão de escala.
Não é preciso ser figura pública, nem modelo, nem dotado de narcisismo para gostar de ter fotografias bonitas, daquelas que também procuramos nas revistas que contam a história de vida de outros. Outros que são exatamente iguais a nós e por vezes infelizmente nem isso, embora seja o que vendem por fora.
Não tenho uma casa grande com jardim, nem o tão sonhado monte para poder receber em festa e cumplicidade os amigos. Ainda?... Talvez, mas como a trabalhar honestamente não vou seguramente tê-los, só quando me sair o euromilhões, em que nem sempre jogo. Mas se não tenho A casa, tenho o espaço livre de um recanto sereno mesmo no meio da cidade. Esse, todos temos. Se aproveitarmos o que temos à mão, sem grandes condicionantes e projeções para um futuro que pode nem nunca chegar, é sempre possível estar mais perto do que somos e do que gostamos e viver a vida tal e qual a idealizamos, sem filmes, na vida real.
Também não é necessário passar a vida a falar da simbologia e significado que tantas coisas importantes têm.
Falar de Gratidão para com a Vida e o tanto que Ela nos dá de mão beijada, falar do valor da Partilha, da Comunhão, da Amizade, da Cumplicidade, não tem de ser um exercício exaustivo de palavras. Para ser importante, basta a maioria das vezes ser vivido. Esse é talvez o desafio maior com que a Vida nos interpela. Entregarmo-nos de corpo e alma àquilo que somos e àquilo em que acreditamos e chamar, a quem possa ser igualmente importante, a partilhá-lo connosco, sem pedir palavras e sem esperar contrapartidas. Fazendo-o só, simplesmente, porque nos é importante. É essa a única religiosidade em que acredito. A da pureza de espírito.
Há muito que sentia saudades de voltar a fazer um piquenique. Como em tudo, a pior armadilha que criamos para nós próprios é passar a vida a adiar. Se quisermos, há sempre motivos para fazê-lo. O que não faltam no atropelo dos dias são desculpas para não chamar para perto o que queremos, porque ou dá trabalho ou raramente vem [na nossa cabeça], na melhor altura.
Ontem foi dia de celebrar a Primavera. Cada um trouxe o seu mais caseiro e dedicado contributo. A partilha deu-se e a Vida, numa pequenina parte do que é a sua grandeza, cumpriu-se. Basta isto, não é preciso muito.
que fotografias tao bonitas!
ResponderEliminarMuito obrigada, J. :)
EliminarAdorei a ideia, o espaço e toda a produção. Adorei as imagens, o texto e a mensagem...
ResponderEliminarTens toda a razão Margarida... adiamos "constantemente" viver os valores que nos preenchem e nos enchem, que dão sentido aos nossos dias e à nossa vida... adiamos o piquenique, adiamos a partilha, adiamos o convívio, ... e ao adiá-lo permitimos que a rotina nos fragilize, nos esvazie. Obrigada pela reflexão e pelo convite.
Margarida, gostaria muito que tivesses ido. Um dia destes, quem sabe, consigamos :)
EliminarParabéns Margarida. Óptima partilha, pelas fotografias e todas as palavras que tecem o essencial e que vai para lá dele ... chega ao que é "invisível aos olhos".
ResponderEliminarBeijinho
Gratidão!
Muito Obrigada, Claudia!
EliminarPois é, minha querida, tens de ir no próximo!
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