10.7.14

Os dias que murmuram


Começam brandos e mornos, no ritmo e na temperatura. Caminham mansos, entre passos incertos de certezas. Mergulham nas ondas. Correm demorados entre os grãos de areia a passar por entre os dedos. Saboreiam gelados. E fruta. E pele com sabor a sal. Contemplam. Passeiam-se. Em memórias do presente e saudades do futuro. Regressam sem pressas, pelos trilhos de sempre. Entram pelas frestas das janelas de luz coada pelos estores. Sussurram segredos da intimidade das paredes adormecidas à rua que passa enamorada lá fora. Deixam entrar o canto dos pássaros e mais tarde o canto dos grilos. A luz da lua. Conjugam o sabor prosaico de rodelas de pepino e uma lata de atum. Um chá frio. São feitos de palavras que são feitas de silêncios. Os dias intensamente felizes não são os que falam mas os que murmuram. Baixinho.

2 comentários:

  1. Lindo... um apelo sussurrado aos sentidos e aos sentimentos.

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  2. Murmúrios sentidos no coração, vozes de silêncio que tudo dizem...

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