Não é propriamente novidade fazer o que tenho a fazer sozinha. Nascida sob o signo da independência e sempre ao longo da vida orientada para e pela autonomia, não posso dizer que seja um esforço sobrenatural lutar pelos meus objetivos. Sulcar com as próprias mãos a terra, nela acomodar a semente, ficar vigilante, atenta, presente na espera, cuidadosa no crescimento, paciente enquanto aguardo o fruto e a colheita, são gestos que fazem parte da minha natureza. Se é ou foi sempre fácil? Claro que não! A par de tudo isto há também um ser com uma boa dose de impulsividade, com sede de fazer, de criar, de desbravar, de progredir. Ao longo do caminho, entre tentativas e erros, o desafio foi encontrar ou definir o equilíbrio entre os dois patamares e conseguir a união harmoniosa entre os dois mundos. Simples? Nem por sombras! Mas reside também aí a minha resiliência, o meu espírito de guerreira. A razão da minha luta constante: recuar -analisar - redefinir estratégia - avançar.
Não é propriamente novidade fazer o que tenho a fazer sozinha. Não, não é. Mas a verdade é que há momentos em que cansa mais. Há momentos em que faz mais falta a mão que alguém nos dá e que caminha ao nosso lado. Sobretudo a mão que aperta mais a nossa e não a que folga, perante a adversidade. E há momentos em, que só isso, faria toda a diferença e tornaria tudo mais leve mas, sobretudo, mais saboroso. Sim, porque as dificuldades têm um sabor muito próprio, não necessariamente amargo. Depende do uso que lhes damos e dos ingredientes que lhes juntamos. São afinal elas, acima de tudo elas, as grandes estrelas do nosso crescimento pessoal.
Não é propriamente novidade fazer o que tenho a fazer sozinha e não era o que mais me apetecia neste momento. Mas é assim que tem de ser? Seja! Quem sabe se sou eu, neste meu espírito de independência compulsiva, que o peço mesmo sem querer ao Universo? [acho que não, Amigo, acho que não, mas Tu lá deves saber alguma coisa que me escapa...]
Caminhar bem sozinho resulta em boa parte da natureza com que se nasce, muito mais do que do meio envolvente ou envolvido no nosso crescimento. Mas resulta também de um exercício continuo, com diversas etapas de estágio. Muitas dúvidas que se têm de sanar sozinhas e uma boa dose de medos; uma mão cheias de lágrimas e alguns chumbos de permeio. A resiliência é testada ao limite quando não há ninguém que possa a par de nós poupar o material. É por isso que, quando se caminha sozinho, há momentos em que nos temos de defender e antecipar. Nesses momentos a necessidade de priorizar torna-se urgente. Não se pode estar em tudo ao mesmo tempo, com a mesma entrega, a mesma intensidade. Sobretudo quando é assim que se gosta de estar quando se está - disponível e inteiro. Priorizar implica uma boa dose de ausência do que, ainda que possa ser importante, é adiável.
É importante sermos um dos compromissos mais importantes e inadiáveis da nossa agenda. Egoísmo?... Egoísmo [ou grosseira distração] é dizer a tudo e todos que podem contar connosco e roer a corda por falta de tempo!
Uma boa dose de equilíbrio [e honestidade para com os outros e nós próprios!] resulta do tempo que nos dedicamos em exclusividade, sem culpas nem remorsos. E se é verdade que só quem luta há muito sozinho pode conhecer a verdadeira dimensão desta afirmação, não é menos verdade que sobre quem não o percebe pende o dever mínimo de o respeitar, ainda que intimamente julgue ou condene esta opção.
Na minha agenda dos próximos tempos as prioridades estão assinaladas e a única pessoa que se sobrepõe a elas é a minha filha, por razões que são óbvias e inquestionáveis, e que vêm todas do coração. Tudo o resto será gerido ao dia. A bem do equilíbrio. E da concretização!
Gostei tanto deste post
ResponderEliminarGuerreira da luz :)
ResponderEliminarmuito bom e apropriado à minha vida neste momento. Obrigada!
ResponderEliminarRevejo-me tanto nas tuas palavras. Não as teria transmitido tão bem, pois tu, além de todas essas coisas, tens uma característica que não tenho: serenidade. E é essa serenidade que procuro alcançar, há anos e só vou conseguindo uns gramas ao longo dos anos. A maternidade traz-nos essa serenidade, mas ao mesmo tempo, ansiedade, o que é um contra senso.
ResponderEliminarAdoro ler-te Margarida.
beijinhos grandes
Carneirinho, hein?! É assim mesmo!
ResponderEliminarBeijo.
O que escreves dava para eu continuar outro tanto... Escreves bem... as vezes sinto também que me apetecia por momentos ir ao lado (como se fosse uma viagem de carro), mas será? Sim, seria... por momentos... iria saber muito bem. E sabes, não não é fácil, não é fácil de qualquer forma... por isso a dar trabalho que seja pelo bem , pela luz! A resilência pagou-se bem até percebemos que a temos ou que temos essa capacidade... o homem emde-se em relação aos obstaculos que enfrenta (já dizia Exupéry).
ResponderEliminarSabes um coisa com que eu me debato ainda? É tentar não controlar, acreditar que as coisas acontecem sempre pelo melhor... é mais um exercício. E a vida é bela! Um beijo grande :-)
Gosto tanto do que escreves e da forma como escreves. Porra, escreves mesmo bem!:)
ResponderEliminarE compreendo as tuas palavras.
Ter alguém ao nosso lado é bom, em todos os momentos. Mas, o passo tem de ser em sintonia, senão é melhor fazer o caminho sozinha.
ResponderEliminarCada obstáculo pode ser uma conquista, para que no final a guerra seja vencida.
Retirar por uns momentos faz parte da nossa evolução, crescer sozinha torna-te mais forte e no final tens sempre a tua filhota para abraçar e de certeza que ela te dará o ombro amigo que por vezes vais necessitar.
De minha parte tens mais dois, caso necesites de um reforço :)
Boa caminhada.
Gostei muito de te ler :)
ResponderEliminarNo geral, muito obrigada a todas. Por me lerem, gostarem e se identificarem, e pelos vossos comentários e partilhas, que me são tão caros.
ResponderEliminar@Graça, por acaso não, mas também dou marradinhas obstinadas... Capricórnio! ;)
@Helena, é a mais recente por aqui. Bem vinda e muito obrigada! Também passei à sua porta e gostei. Um dia destes entro, para me demorar mais por lá :)
Minha querida amiga, embora sabendo que não é o que pretendes ou ao que te referes, podes sempre contar com a minha mão para segurar na tua, em qualquer momento, em qualquer lugar... Sempre foi assim e sempre será.
ResponderEliminar:)
Woww..tão sentido. simples, verdadeiro. És tu.
ResponderEliminar@Sofia, não te respondi no outro dia, sobre o tentar não controlar. Verdade, é um exercicio, que se aperfeiçoa com os anos. Pessoalmente, há muito tempo que aprendi a entregar. Depois de lutar até à certeza limite de que fiz tudo o que estava ao meu alcance, entrego. Sei que o Universo sabe bem mais do que eu! Beijo grande
ResponderEliminar@mundo meu, bem sei minha querida, não andasses tu a par e passo da minha vida há uma eternidade. Eu sei, eu sei. E sabe bem, mas também já conheces de gingeira aqui a amiga ;) Obrigada por estares aí!
@AC... pois... é! :)