30.8.12

Breve esclarecimento ou adenda a um post abaixo

De volta ao post Espelho meu, espelho meu:

Antes de mais, o meu agradecimento. Pela partilha de ideias, pelas cumplicidades sentidas, pelas palavras deixadas. Nunca me vou cansar de repetir - acho sempre fundamental fazê-lo, aliás - este blog não é mais do que um espaço privado com as portas abertas ao publico. Apesar disso, a partilha que nasce dele com quem o lê será sempre uma parte muito importante, não fosse essa a intenção, era um blog com guest list..

Ainda assim, ainda que nele deixe registados conteúdos de ordem pessoal, faço questão de ter o cuidado de não ferir suscetibilidades. Politicamente correta? Não! Nem de perto nem de longe! Essa não é decididamente a minha praia. Trata-se apenas de fazer justiça a um bom principio em tudo na vida, respeitar para ser respeitada. Nunca tive blog para conquistar audiências, não concorro para aumentar números de seguidores, nem para ser publicamente mencionada seja onde for. Este é apenas um blog entre muitos - milhares! - de blogs, escrito por uma pessoa normal, com uma vida preenchida de coisas simples! Acaso haja quem não goste de me ler - e haverá, certamente - a verdade é que nunca até hoje tive registo de um comentário desagradável neste espaço. Muito pelo contrário, mesmo quando vêm de anónimos. Os comentários nunca foram sequer moderados. É, portanto, uma feliz experiência, recheada de felizes constatações.

Mas não me quero alongar, vou direta ao assunto, porque depois dos comentários deixados no mesmo, quero apenas acrescentar algumas considerações ao post Espelho meu, espelho meu.

A reflexão/desabafo resulta apenas e só da observação de um fenómeno recente. Foi sobre uma tendência de blogs, como podia ter sido sobre a cor de vernizes, a proliferação de lojas de compra de ouro ou outra banalidade do dia a dia. Vale o que vale e dura o que dura.

Acho natural - até mesmo giro - que hoje as mulheres possam expor das mais diversas formas muitas das sua facetas. A conquista deste lugar, desta visibilidade, não é assim tão distante no tempo, o que só por si a torna um fenómeno interessante e assinalável.

A proliferação de baby blogs não faz mal a ninguém e pode ajudar muita gente. Que mal tem partilhar as ansiedades sobre os primeiros banhos, perguntar qual a marca de fraldas com que devem fazer o enxoval, ou publicar carradas de fotografias de bebés rechonchudos no primeiro dia de praia? Nenhum! Muito antes pelo contrário. Certamente que se tivesse agora um bebé faria mais do mesmo.

A minha reflexão/desabafo não se prendia com esse tipo de abordagem. E quem ande de forma mais ou menos frequente pela blogosfera sabe do que falo. No caso referia-me a blogs em que a principal preocupação é falar do que os outros devem fazer, mais do que das próprias experiências de parentalidade. Algum mal nisso? Talvez. Depende da forma como quem os lê tem a capacidade de filtrar a informação que é passada como se de lei se tratasse, de forma generalizada. Isso é problema de cada um? Pois é! Mas, lá está, quem pretende ser conhecido e reconhecido como referência e com credibilidade pelo que escreve, não é obrigado a um especial cuidado? Muito honestamente? Para mim, sim!

É normal que as pessoas não venham para a rua expor ao deus dará as suas vidas pessoais? Pois claro que é! E muito bem, digo eu. Ninguém tem de saber que naquele dia, lá em casa, o dia começou com gritos e apitos, com vontade de fazer meninos, marido, cão, gato e peixinho voar pela janela fora e já agora com a chávena de chocolate quente entornada no tapete, logo atrás?... Pois não! Claro que não! Porque nem nós nos queremos recordar disso. Porque é normal, faz parte, mas cansa, desgasta, entristece, desespera e frustra. Porque o que gostávamos mesmo, MESMO, era que tudo deslizasse como Vaqueiro em frigideira anti-aderente aquecida e que todos as manhãs começassem com beijos, sorrisos e terminassem com os mais doce até logo. Mas a grande porra é que não começam. Uma boa parte das vezes - e em algumas fases da vida, quase nunca - não começam nem acabam assim. Acabam com indisposições, discussões, lágrimas, vociferações e ameaças mais ou menos expressas à integridade física, com coisas leves como se não bebes já esse leite despejo-te a taça de cereais na cabeça!; se não pegas na mochila neste instante e sais já a porta, atiro-te pela janela; achas normal ter o teu filho com papa a escorrer pela boca abaixo e não lhe passares um guardanapo? e outros mimos ainda mais elaborados, muitas e muitas vezes acompanhados de uma mão assente num lugar qualquer ou de um encontrão bem aviado.

Quem é que tem vontade de fazer posts sobre isto? Ninguém! Eu também não os faço! [e sabem lá a quantidade de manhãs dessas que tenho por cá. Ainda bem que os meus vizinhos não têm blogs!] Até porque, felizmente, a vida das familias não é só isto. Todas as famílias decentemente equilibradas são uma verdadeira manta de retalhos emocional. Além disso, não há quem me convença do contrário: à exceção dos casos patológicos, só discutimos e nos zangamos com nos é verdadeiramente importante. 

Aquilo a que me referia não era ao facto de só partilharmos o mais agradável, as fotografias bonitas das férias - quantas vezes antecedidas de uma boa discussão e umas quantas lágrimas - as gracinhas e os desenhos das crianças lá de casa, os programas de fim de semana em família. Não, não era de todo a isso. Referia-me apenas às pessoas que têm por ambição e mediatização o desejo ser o espelho das outras.
Para sermos espelho de alguém temos primeiro de aprender a ficar nus em frente ao nosso. Isso obriga, incontornavelmente a, querendo terminar com uma moral, aprender a contar a história toda mas, sobretudo, a respeitar a história de cada um.

A minha opinião, contudo, vale o que vale. É apenas a minha e nunca mencionaria um único blog que enquadre nessa categoria. Já em compensação, para vos dar um exemplo assético de um blog que há muito acompanho e que, por não ter mais do que a pretensão de ser o que é, só pode ser, aos olhos de quem quer que seja, visto com isenção, remeto-vos para o dias de uma princesa. Não conheço a autora mas devoro-lhe os posts com os olhos e o coração. E de que fala ela? Da sua aventura na maternidade de dois, em circunstâncias que são muito suas! Ora aqui está a prova da minha devoção também a gente que só fala das suas crias!

Para finalizar, os meus públicos agradecimentos à Duchess e à Miss Glittering. Pelos seus posts de hoje e pela amizade que transcende estas portas. Duas Mulheres que admiro e que têm, por razões que são publicas nos seus blogs, experiências de maternidade que vão muito além da minha.

Last but not least, a todos os que por aqui passaram hoje, vindos do 4D ou do às nove no meu blogue, encaminhados por isto ou por isto o meu obrigada!

10 comentários:

  1. Olá.
    Eu já fui muito critcada por postar problemsa pessoais e nem sempre "bons¨¨assuntos desagradáveis, aliás quase sempre "lamentos ou um amor impossível que ...deixei, até q enfim! Sempre procuro diversificar minha postagens e até já postei sobre política, problemas pessoais...Enfim, cada um no seu esilo; admiro você por ter citado as blogueiras q te agradam, "gostas de ler, nem todos têm essa coragem, pois pode melindrar outros, não é?
    Nada a ver comigo, sigo você e nem sempre posso ler-te, é complicado trabalhar e seguir monte de Blogs, mas gostei de ler hoje teu post.
    Beijo. Mery

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  2. Eu disse 'cada um no seu estilo"...corrigindo.
    Bjus

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  3. Anónimo30.8.12

    Em relação ao teu oitavo parágrafo: coitado de quem se reja e ache que o que vê escrito em blogs é lei. Bons conselhos encontram-se em profissionais de saúde, na nossa família, em gente real, não na blogosfera...

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  4. Concordo plenamente contigo. Com este e com o posto anterior.

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  5. Eu percebi a ideia do primeiro post, mas faço novamente uma vénia a este. Sem dúvida de que a vida em família é muito mais que praia, beijos em bochechas rechonchudas e advertências "cuidado, assim não. Pode partir". Tb tem muito de "Já partiu e eu tinha avisado e agora? Agora pimba (palmadinha no rabo) e para a próxima faz o que te digo" (...)
    Sabe bem ler o que escreves. Gosto ;)

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  6. Eu vim cá parar através da Miss G., é verdade. Mas agora vou ficar. E gostei muito do teor destes posts, eu que sou mãe de primeira viagem já entradota, logo mais madura, mais analítica, logo (reverso da medalha) mais auto-crítica, mais preocupada, mais racional que intuitiva, etc. etc. etc. Tudo isto valeu-me uma linda depressão. Eu, que por ler muito do que para aí vai sobre as belezas e as cores pastel da maternidade, criei uma expectativa sobre o que "deve ser" completamente irreal, vejo-o agora que estou na própria experiência. O meu filho não é uma criança que só come e dorme, que não chora, que não resmunga, que não faz birra, que come tudo o que eu quero, que engorda bem, ... É uma criança apenas. Não quero dizer uma criança normal, mas percebe-se a ideia. Ainda há pouco tempo escrevi uma série de posts sobre as cores negras da minha experiência com a maternidade - nada tem a ver com o meu filho, os meus sentimentos pelo meu filho, o gostar ou não de ter um filho; apenas com a forma como a maternidade me está a acontecer. E gostei de ler nos comentários que me fizeram que, afinal, não sou um alien. Que nessa blogosfera fora também existem outras pessoas cuja maternidade não é assim, toda corderosinha ou azulinha pastel, e que não se limitam a sentenciar que é assim, e é assim que deve ser.

    Bom, isto já vai longo e já começa a perder sentido. Obrigada por estes posts e pela honestidade que deles transparece.
    Desculpa o longo desabafo.
    Beijinho

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  7. Dentro de portas só cada um sabe de si, o mal querida M. é as pessoas não terem vida para além do blog. Mas há, e nós sabemos disso.
    Bj**

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  8. Descobri este blog pelo 4D. Devo dizer que gostei muito, muito do que por aqui li. Não só deste post, mas como outros que li aleatoriamente. Sobre este em particular, acho que infelizmente os blogs das crianças de porcelana estão na moda. Eu gosto muito, muito, muito da minha criança como ela é: suja-se, faz birra, dá-me cabo dos nervos, faz-me soltar gargalhadas, faz-me desesperar. É uma criança de carne e osso, assim como eu.

    Vou voltar!

    Beijinho

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  9. @todas,

    Gostaria muito de ter respondido em tempo útil aos vossos comentários e peço desculpa por só agora o fazer.

    Mais uma vez, obrigada a todas pelas partilhas.

    @ anónima, percebo o que diz e naturalmente concordo, mas o próprio comentário deixado pela Queen of hearts explica na prática o que eu queria dizer.

    @Queen of hearts, não, claro que não é um alien! É uma mulher saudavel e normal, felizmente! Eu é que agradeço a sua partilha, que tanto complementou e enriqueceu o sentido desta abordagem. Volte sempre! :)

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  10. Anónimo14.11.12

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