O relógio de cuco está prestes a cumprir quarenta anos. Foi um presente de aniversário do meu avô Fernando nos meus três anos. Muito do meu ritmo de infância foi marcado pelo compasso do seu pêndulo, que se sobrepunha às brincadeiras no meu quarto, e pelo pontual e implacável cu-cu, que assinalava as horas e que só era silenciado à hora em que o sono e os sonhos se recompunham entre a almofada e o hedredon.
O casaco tem perto de vinte anos. Vestido vezes sem conta por essa altura e durante uns anos. Resgatado agora, ocasionalmente, da gaveta das peças de coleção. De uma marca que já não existe mas de uma qualidade resistente e irresistível.
Os sapatos contam entre oito a dez anos. A paixão pelos cogumelos é uma história antiga. Pelas peças de cunho austríaco também. A sola está tão nova que ainda deixa marcados no chão o coração e passarinhos que a decoram na borracha.
A Marie Claire Idées, companhia e companheira de mil suspiros e inspirações, há tantos e tantos anos que já lhes perdi a conta.
O tempo passa e muita coisa muda. Há coisas que nos mudam e coisas que nós mudamos. Mas há um lado intemporal da vida, que fazendo parte de nós, apenas se adapta ao tempo que corre. Há uma parte de nós que é intemporal. Chama-se alma e caminha connosco. Há um fio condutor que a traduz.
* E esta música no ❤
You're so Heidi! :D
ResponderEliminarsff substitui o link do youtube que esse não vai dar a nada.
http://www.youtube.com/watch?v=xNs3nK31DKc
Done! ;)
ResponderEliminarYes, I am!
Adorei ler-te! É mesmo, há um lado nosso intemporal.
ResponderEliminarUm beijinho.
:) Obrigada, Inês querida
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