Precisamos de percursos menos longos. Curtas distâncias. A doce aventura que experimentávamos na infância quando percorríamos caminhos novos, sempre a descobrir tesouros que nos demoravam a ponta dos dedos e distraiam saudavelmente a mente, vagueando na curiosidade, atrasando o passo e acelerando os sonhos.
Precisamos de reatar relações com os cheiros, os sabores, as cores e os sons dos verões de outrora. A pele na pele. A da casca da árvore onde nos balançamos, a do pêssego colhido quente do ramo, a da água fresca que os pés experimentam no regato, a do gato bebé recolhido no regaço. A dos reencontros.
Precisamos de reconcilar-nos com quem fomos, as histórias que trazemos, os presentes e os ausentes que nos habitam. As palavras ditas. As mal/ditas e as bem/ditas. Muitas estórias, outros tantos contos.
Precisamos de desatar os nós, de desabafar os ombros e de espreguiçar as emoções. Precisamos da rede que nos balança, que nos ampara e que nos suporta. Que nos concede o sono.
Precisamos de olhar o calendário e de sentir que pertencemos exatamente a onde estamos. É na madureza do ano que encontramos a maturidade de quem somos.
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