7.5.13

A velha casa e a grande árvore


A velha casa é uma casa grande, bonita, que imagino espaçosa. É uma casa com ar de casa abastada no campo, da província, de família numerosa. 
A grande árvore é uma árvore gigante, um pinheiro escandinavo, orgulhoso, de cujos anos se perde a conta.
A velha casa e a grande árvore cruzaram o meu caminho durante três anos, no trajeto da camioneta que  me levava de casa para o liceu. Na altura - já passaram muitos anos - a velha casa não era tão velha, não estava degradada e ainda era habitada por gente. 
Hoje, a velha casa e a grande árvore continuam a cruzar-se comigo com frequência, porque ficam no caminho que faço para ir buscar a M. ao ginásio que frequenta. Ficam numa rua onde só moram prédios, porque há muito tempo que o campo que aqui morava acabou. Hoje, dentro da velha casa só habitam silêncios.

A velha casa e a grande árvore têm instalada no seu generoso terreno uma ameaçadora placa que diz «VENDE-SE». 
Sempre que passo por elas, temo e tremo pelo dia em que a placa for cruzada por uma tarja a dizer «VENDIDO». Sei que nesse dia, em nome do preço do metro quadrado, a velha casa será reduzida a pó e a grande árvore, essa senhora de grande e honrado porte, será abatida como uma planta daninha, como uma presença incómoda, como um estorvo a uma grande edificação.

Na semana passada fiz-lhes uma visita mais demorada e tirei-lhes retratos, para lhes fazer justiça. 
Um dia destes, quando a sua história de amor terminar, é aqui que venho fazer-lhes uma visita.